Sunday, November 11, 2012

O AMOR E A CABRA




Eis que no século 21, ainda tentando lidar com o retorno triunfante do leilão de cabaço - prática bastante comum na época do coronelismo (No auge, em Alagoas, havia quem trocasse um fusca zero quilômetro em uma bucetinha virgem), a revista Veja e o jornalista J.R Guzzo, resolvem dar uma voltinha na época da inquisição e escrevem o artigo que citarei abaixo:

Texto publicado na revista Veja 
"Homossexuais se consideram discriminados por não poderem doar sangue. Mas a doação de sangue não é um direito ilimitado - também são proibidas de doar pessoas com mais de 65 anos ou que tenh

am diabete e hepatite."

"O mesmo em relação ao casamento. Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais. Mas a sua ligação não é um casamento - não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco. (...) Há outros limites. Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo: pode até ter uma relação estável com a cabra, mas não pode se casar com ela. Também não pode se casar com sua mãe, ou uma irmã, ou filha, ou neta."

"Qualquer artigo na imprensa que critique o homossexualismo é considerado 'homofóbico'. Mas se alguém diz que não gosta de gays, não está cometendo crime algum - a lei não obriga ninguém a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou seja lá do que for."

"Homossexuais são assaltados, agredidos, assassinados no Brasil - mas heterossexuais também. A violência sofrida por homossexuais no Brasil, portanto, não decorre do fato de serem gays."


"Hoje em dia os homossexuais não precisam mais levar uma vida de terror, escondendo sua identidade para prover o seu sustento e escapar às formas mais brutais de chantagem, discriminação e agressão."

E assim, no meio de um Domingo, eu me transform em um espinafre, que tem um caso com uma cabra, e o pior: Não sou capaz de gerar prole. O que fazer da vida? Como reagir?

Esta opinião é tão antiga que a comediante e linda Ellen Degeneres, já tirava onda há muito tempo:



Espero que a revista saiba que isso não se aplica a todos. Eu, por exemplo, jamais me casaria com uma cabra. Eu não confio em cabras. Certa vez, durante umas férias no litoral, conheci uma cabra linda, ele estudava medicina e tinha um papo super cabeça. Falávamos de filmes franceses, musicais, teatro, e qual tipo de grama é mais gostoso; todo esse tipo de coisa que o pessoal da redação da veja diz que ama, e logo me apaixonei.

Ficamos juntos por um tempo, e nosso romance só crescia. Tinhamos uma química, uma conexão, era fogo, era paixão. Eu e a cabra faziamos amor como dois animais selvagens, ou pelo menos um animal selvagem e meio. Afinal ele não era selvagem, cresceu e viveu em fazenda a vida toda.

Mas logo quando as coisas pareciam estar perfeitas. Logo quando eu achava que finalmente eu havia encontrado o amor da minha vida, a cabra virou para mim e disse ˜béééé”

“Bé? Como assim, Béé? Depois de tudo que passamos você me diz bééé? Você tem certeza?”

“Béééé”

“Eu não acredito! Não pode ser bééé! Nós podemos fazer isso funcionar, me dê outra chance! Não diga bééé”.

Mas ele virou e disse bééé.

Sem saber o que fazer ou para onde ir, sem saber como seguir em frente, sem ter para onde ir, juntei os cacos do meu coração e fui embroa da casa da cabra pela última vez.

Jurei naquele momento que nunca mais me deixaria enganar por uma cabra.

Portanto revista Veja, que fique aqui minha mensagem: Não se deve falar sobre aquilo que não se sabe. Não se deve falar sobre o que você não tem absoluta certeza. Como jornalistas, vocês devem pesquisar antes de sair metendo a boca no trombone. Eu não sou um espinafre qualquer, que se deixa envolver por qualquer um. Não! Ninguém é obrigado a gostar nem de espinafre (único ponto em que concordamos) nem de homossexuais, mas não se deve sair por ai dizendo que eu vou casar com uma cabra! Meus pais já tiveram trabalho demais aceitando que eu me case com um homem, não seria nada fácil para eles entenderem a cabra.

Que fique bem claro que eu não sou um espinafre e que portanto, não devo ser tratado como algo que você deixa no cantinho do prato. Eu sou um cidadão, eu tenho os mesmos deveres que uma pessoa heterossexual, por que não ter os mesmos direitos?

Felizmente, o amor bateu a porta novamente: Na falta de cabra me casarei com o meu labrador chocolate.




O amor pode estar onde você menos espera. Não fique triste J.R Guzzo. Sua vez pode chegar! ;)

Para terminar mais uma comédia: O genial Louis C.K




E a hilária Wanda Sykes, homossexual assumida com um recado claro: Se você não acredita no casamento entre duas pessoas do mesmo sexo; não case com alguém do mesmo sexo.




E se você também ficou puto, a galera da internet já está tomando providências:










6 comments:

Eduardo Leite said...

Eu escolhi me casar com uma garrafa de Coca-Cola, daquelas promocionais de Natal, e até hoje nunca tivemos problema. Foi lindo nosso casamento! E eu tenho certeza que vai durar para sempre!

Bruno Etílico said...

adorei! ahahaha

Rogério said...

Texto lindo bruno

Rogério said...

Texto lindo bruno

Mariana Tavares said...

Toda essa comparação maluca da Veja e o seu texto me fez lembrar o primeiro sketch de "Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo" do Woody Allen.
Ignorância sem limites essa matéria da Veja.

IURI said...

Me emociono, me revolto e morro de rir. Passo por todas as emoções lendo teus textos. Esse, em especial, entra pra galeria dos meus favoritos. Só não concordo com a comparação do leilão de cabaço de hoje com o de ontem. Quando hoje, a moça, por livre e expontânea vontade resolveu fazer uma graninha com o imenzinho dela. O direito q ela tem de vender o cabaço é o mesmo q vc tem de se casar com a cabra. Não diz respeito a ninguém.