Friday, September 14, 2012

ATÉ O FIM DAQUELA CARREIRA DE PÓ


Das putinhas, a mais magrinha nós deixamos viver sem que passe pelo inferno que temos que passar.  Por beleza somos capazes de perdoar qualquer estupidez; mas eu, nunca tive muita paciência para quem cheira pó.

 De princesinha do mundo da moda, à Angela BIsmarchi wannabe foram dois pulos. Foi rápido até os primeiros pedaços de pele começarem a derreter.

 Seus peitinhos; seu cartão de visita, seu passe livre para qualquer lugar do mundo, mesmo aqueles que exigem diploma de ensino superior – que você sempre disse que não queria, nem fazia questão, “vou ser famosa”. 

E foi.

E todos te queriam e todos te amavam e você era a melhor e mais engraçada até a primeira carreira de pó e aquele sotaque irritante que não era o seu e aquela voz esganiçada que não era a sua e o teu olho esbugalhado e assustado, olhando para todos os cantos na velocidade do R.E.M.

E foi até tu noiar na balada pela primeira vez. Que estavam te seguindo pra rasgar a tua roupa que era cara e tu se esconder no banheiro, chorando e um segurança ter que te levar até a porta.
Daí tu vai malhar, ficar gostosa, entrar num reality show, virar DJ, modelo, blogueira, empresária, dar para um homem rico, aparecer na Contigo com a cara cor de laranja e pedir que a gente lembre um dia o quanto tu foi linda e legal até aquela primeira carreira de pó que destruiu teu rosto, o teu nariz que era lindinho, os teus peitos que foram operados pra você poder passar em quase qualquer lugar, nunca, nunca os que exigem diploma. Tu nunca quis.

Até o dia que tu vai cheirar pra nóiar que ainda é querida e amada e cair de quatro no chão da cozinha, (porque tu gosta de drama e sabe fazer acontecer) e contar a todo mundo o quanto você sofreu como a porra pra “chegar onde chegou” e  como foi difícil para você “se livrar das drogas” e que todo mundo  queria te comer e tu virou bulímica porque era muita pressão quando eu sei muito bem que a tua alegria era vomitar uma pizza.

 Até o  fim daquela carreira de pó que era a tua vida, quando você nunca quis ficar velha e decidiu ficar cor de laranja e loira, de calça apertada aos 60 buscando homens de 70 e finalmente morrendo um pouco depois, como a gente sempre soube que seria.

No comments: