Monday, September 01, 2014

#BRUNORESPONDE


"Não sou gay, por que deveria me importar com os direitos da comunidade LGBT?"

Veja bem, caro leitor; você deve se importar porque o buraco é mais embaixo e tem muitas outras coisas envolvidas nisso dai.
Primeira coisa que você precisa saber: O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um direito civil: você quer viver com outra pessoa e quem sabe colocá-la como dependente no plano de saúde ou deixar uma pensão, essas coisas que QUALQUER UM tem o direito de fazer. Não tem nada a ver com dois homens entrando na igreja vestidos de Cher, e se tivesse, bem... Isso é outra discussão. O que eu quero dizer é que: Direitos civis são uma questão que vai além da igreja e seus dogmas.
E é nesse ponto que eu quero chegar.
Quando um grupo de pessoas ganha um direito que todo mundo sempre teve, você não perde esse direito, nem isso torna-o menos importante.
Outra coisa: Você não é obrigado a comparecer ao casamento das duas meninas. Se não curte, fica em casa lendo Olavo de Carvalho, faça-nos o favor.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo tem sido considerado um direito em vários países do mundo; EUA, França, Canadá, Argentina e lá na Inglaterra a rainha foi lá dizer que tava tudo liberado e que ninguém tinha nada a ver com isso.
Recentemente vimos a candidata Marina Silva publicar em seu programa de governo que iria cuidar e proteger da comunidade LGBT, porém, 24 horas depois, após algumas alfinetadas do pastor Silas Malafaia, a candidata voltou atrás, disse que tava brincando e não era bem assim.
E é ai que vive o problema:
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é só a ponta deste iceberg que apelidamos carinhosamente de FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. "Mas Bruno, seu bosta! Eu sou religioso". E você tem TODO O DIREITO DE SER! Mas as pessoas também tem o direito de NÃO SER e não seria esse o certo? Como você se sentiria se eu entrasse na sua igreja distribuindo panfletinhos falando sobre Darwin e a teoria da evolução? Pois é. Não sou cristão nem nunca fui e quase sempre sou obrigado a pegar esses panfletinhos falando de Deus. Encaro numa boa, sorrio e agradeço e sigo minha vida.
Se deixarmos os fundamentalistas vencerem essa batalha, em breve eles vão atacar em outras vias: A cervejinha do seu fim de semana, o futebol que você ama, a tatuagem que você pode escolher fazer, o show de rock que você sempre sonhou, o baile funk que você adora, a rave irada na praia... Essas pequenas coisas que para nós, pode não significar muito, mas para eles é coisa do demônio (que a cada tweet de Malafaia me parece mais simpático).
Então, para concluir: O direito que duas pessoas tem de casar com quem elas quiserem (no civil, reitero. A fé, assim como a sexualidade, é individual, cada um tem a sua, ninguém mexe na dos outros) representa a liberdade. Se você é a favor de LIBERDADE PARA TODOS, não vote em fundamentalista. Eu digo fundamentalista, pois, sei que nem todos os evangélicos pensam da mesma forma. Existem várias igrejas e várias vertentes. E isso é liberdade.
Mas não podemos ter liberdade só para esse povo daqui e esse daqui. A galera da Umbanda, do Candomblé também tem que ser livre. Eles estão aqui pois foram trazidos da África, agora, eles fazem parte da nossa identidade e devem ser tratados com respeito e dignidade.
Não vote em quem baseia suas convicções no preconceito, no fundamentalismo, na ignorância. Procure saber qual a posição do seu candidato sobre certos assuntos. Nosso país só irá para frente quando todos tivermos os mesmos direitos e não só os mesmos deveres.
Para terminar, te deixo com mais uma reflexão: Num país com um alto número de violência, analfabetismo, corrupção, um caos na saúde e na educação, vale a pena votar em quem perde tempo cuidando do cu dos outros?
Pense bem nisso.

1 comment:

Antonio de Castro said...

"Se não curte, fica em casa lendo Olavo de Carvalho, faça-nos o favor."

ri em especial com esse trecho.