Thursday, March 24, 2011

Carta aberta ao preconceito.

No radio o pastor falava que para arrumar um emprego, não é necessário estudo ou experiência, basta pedir com força que Deus te dará. Tive vontade de perguntar ao taxista quantas vezes ele pediu para ter um taxi fubento e calorento que não fecha a porta direito e por quê.

Façamos o teste. Eu estudo e batalho e você reza. Vamos ver no que dá.

Eu estava indo para o meu emprego que eu consegui estranhamente estudando e batalhando, não rezando como é convencional quando ele começou a falar que a homossexualidade era o pior problema do mundo e que para piorar, toda novela da globo tem pelo menos dois “viados”.

Acho que ele tem razão.
A fome e a miséria não são tão horríveis quanto a homossexualidade. Nem mesmo o cancer e a AIDS são problemas que se devam combater enquanto houverem gays no mundo.

Você sabia que toda vez que você chupa um pau, uma criança na África derruba um copo de água no chão? Pois é...

Antes de tudo, quero dizer que não tenho nada contra nenhuma religião. Uma pessoa muito próxima a mim é religiosa e eu o amo muito. E o respeito muito.

Não é a religião que me incomoda, o que incomoda é a burrice. (se você achou que estou falando de você e ficou ofendido, peça para cagar e saia!).

Se você, vendo toda a miséria e desigualdade no mundo, acha que ser gay é um dos grandes problemas da humanidade, então talvez você seja o maior problema da humanidade.

Não acredito no seu Deus cheio de ódio e julgamentos.

Sou apenas uma pessoa querendo amar e não machucar ninguém. Façamos um teste. Você continua rezando e fazendo nada, enquanto eu vou batalhar a minha vida e viver feliz, amando e sendo amado e sem ofender ninguém. Quando nós dois morrermos vamos ver o que Deus tem a dizer sobre as duas atitudes. Se eu estiver errado não terei problemas em admitir.

Pois bem meu querido taxista bem sucedido. Enquanto você reza, peça a Deus que no seu future um mínimo de duas bichas seja tudo que você vai ver na televisão, pois eu te asseguro: Nós viemos para ficar e vamos batalhar o nosso espaço!

Continue rezando. Quem sabe assim você continue alheio a tudo que acontece a sua volta.

8 comments:

@desde86 said...

Eu sou ateu mas conseidero a religião como elemento importante em nossa sociedade. Serve muitas vezes como liga, base ou forma de apaziguamento dos indivíduos. Mas a religião da mesma forma quando mal usada serve para a desunião, preconceitos e tantos outros males que sempre vemos. Então muitas vezes ao inves de servir como modelo para a sociedade a religião serve apenas para espelhá-la. O homem que seria mal e preconceituoso e usa a religião como meio de acatar suas opiniões. Não há nenhum Deus nisso tudo. Apenas o homem e sua mente pequena.
.

@desde86

.

Bruno said...

Obrigado pelo comentário inteligente! =)

Unknown said...

Cara adorei essa carta ao preconceito estou contigo e assino em baixo!!

Unknown said...

Fico feliz de ver a maturidade nessas letras. Esse deus aí do taxista, é um Deus que não existe, pq simplesmente contraria TUDO que Deus realmente é. Disseram que Religião era o Ópium da humanidade, o homem é seu próprio Ópium!

Anonymous said...

Gostei muito do seu texto, eu perco a fé em Deus de tanto que seus fiéis divulgam seu ódio e seu preconceito. Também prefiro ser um gay que trabalha, estuda e tenta ser exemplo de que gay é uma pessoa normal que quer amar e ser amado. Vou agradecer ao meu amigo @MarcosBaruck por ter me indicado seu texto e terminar de conferir o seu blog. Um abraço!

@SrAndersonR

Unknown said...

Creio em Deus.. isso é fato.. não creio nos homens.. em seu fanatismo.. em como pode se usar a FÉ pra deturpa tudo que é bom puro e inocente... o AMOR é assim.. não importa de onde venha.. e nem com que sexo surja.. mas que apenas aconteça...

Nadie said...

Excelente! Deus é como eu sou para os outros, devia ser mais ou menos assim o que os caras do Novo Testamento talvez quisessem dizer com aquele negócio de "Deus é amor" e tal. Seu texto desautoriza qualquer ateu e qualquer religioso a apelar para Deus, como se Ele estivesse fora ou à parte disso tudo. Deus nasce do lado dos que sofrem, de preconceito ou fome, Deus brota do lado dos que sofrem.

Timeco said...

Vou fugir um pouco do tema, mas é pq tem coisa ou outra que quero falar e é difícil achar um lugar.

Eeeeeenfim... Uma vez eu vi um programa meio no estilo de "Troca de Família", só que não havia a troca propriamente dita já que só uma pessoa era tirada de seu lugar e posta num ambiente sabidamente contrário à sua visão de mundo.

Esse episódio que eu vi colocava uma ativista "anti-adoção-por-homossexuais" para viver por 2 semanas (acho) na casa de um casal gay que já havia adotado 3 ou 4 filhos.
Não apenas isso, o programa forçava ela a participar de grupos de discussão de apoio a filhos de casais homossexuais, a pais de homossexuais e a panfletar em favor da adoção por homossexuais (o que ela combatia ativamente).

Tá, e daí? O que eu gostei foi que o programa tentou a todo custo forçar essa mulher a aceitar a adoção por homossexuais (falhou miseravelmente, pois foi uma inserção tão violenta que ela acabou com seus preconceitos fortacelidos como forma de se defender em um novo ambiente extremamente hostil), mas me possibilitou ver o outro lado da moeda.
Através dessa mulher, pude ver uma pessoa preocupada inteiramente com um bem maior. Enquanto os casais gays apelavam para fatores como a liberdade individual e como não fazia sentido uma pessoa se meter na vida de outra a ponto de proibi-la de adotar uma criança só por não concordar com seu estilo de vida, ela estava claramente preocupada com os valores de uma sociedade que, ela via, degenerava-se cada vez mais.

Concordo com ela? Não. Mas foi muito interessante essa possibilidade de "desvilanizar" esse discurso "anti-gay", que a gente sempre coloca como retrógrado, limitado e imbecil.
Foi delicioso ver o meu lado, inadivertidamente, se mostrar como individualista e egoísta ("você não pode invadir o MEU direito") enquanto o lado que normalmente pintamos com más cores aparecer aos meus olhos como o altruísta e voltado para o bem coletivo ("o que a sociedade vai se tornar se isso for permitido?").

Eu, que normalmente me acho tão esclarecido, de repente me vi invejando um grupo que sempre olhei de cima.

A questão é mostrar a esse povo que ser gay não fere valores morais, que homossexualismo não é desvio de caráter e que, no caso desse programa, gays são perfeitamente capazes de criar outras pessoas tão bem ou tão mal quanto um casal heterossexual.


Não é apenas um "estamos aqui e viemos para ficar" que pode muito bem ser entendido como um "somos um mal que vocês terão que engolir" (e que é meio hipócrita quando tantos de nós esconde o fato de ser gay), mas ser capaz de assumir seu lugar nesse ambiente enquanto gay e servir de exemplo.

Embora seja justo alguém preferir manter a sexualidade no ambiente onde normalmente ela deveria ficar (o da intimidade), acho que é quase uma obrigação do gay hoje em dia expor isso e "ser um gay" em casa, no trabalho, onde for! E assim possibilitar àquele chefe preconceituoso olhar pra você e pensar "Putz, fulano é tão decente e é gay. De repente ser viado não é o que eu pensava". Enfim, ser um agente transformador (odeio essa expressão, mas whatever) através do simples ato de ser quem se é.

---> @el_guiga (o que escreve demais e acaba ninguém lendo)