Sunday, May 03, 2009

O mar daqui.

O mar daqui é mágico e chama a gente.
O mar daqui é lindo, é único e parece que nos encara, chamando a gente pra brincar. As vezes eu acho que ele duvida de mim. Como se ele me olhasse e dissesse “há, você não tem a menor coragem seu putinho”. Um dia eu provo pra ele... Um dia.
Ele pulsa. Bate na encosta e volta. Isso no fim da tarde; geralmente, durante o dia ele fica tranquilão no canto dele, sem fazer nenhum movimento, como a nossa respiração quando estamos dormindo, ou algo assim.
E eu fiquei olhando pra ele, com um cigarro aceso. Até agora o 3º da fila. Eu nunca fumei na vida. Hoje eu quis, só para compor a cena. Acho que sofrer pra caralho com cigarros é muito mais legal do que sem cigarros. Eu sou um poser.
O mar é verde. O daqui é mais verde do que o dos outros lugares. Na época da escola eu ficava puto com quem pintava o mar de azul, ou com a musica que fala “mergulhar no azul piscina do mar de Pajuçara”. Porra! O mar é verde! E eu ficava pensando “como é que eles não estão vendo que é verde e não azul”. Eu tentei contestar algumas vezes, mas no fim, sempre fui muito tímido pra isso. Eu pintava o meu mar de verde e deixava que os outros se ferrassem. Era mais ou menos como ser o único que soubesse que a resposta 3ª questão da prova de matemática era a letra “b’ e, no entanto, passar a cola dizendo que é a” a “.
Eu me sentia mais esperto por saber que o mar era verde. A minha convicção era tanta que eu tinha criado um nome para o verde. Se existe o verde bandeira, ou o verde musgo, também existia o verde mar. Ok, não fui eu quem inventou esse nome, mas eu tinha o meu “verde mar” que era só meu. E eu deixava ele escondido na minha cabeça para um dia apresentar o verde mar como a minha maior descoberta.
E aqui estava ele. Verde, como eu sempre soubera que ele era. Judiando de mim. Pulsando na minha frente.
Jogo o toco do 3º da fila nele. Sinto-o se revoltar e tentar me alcançar, mas é obvio que ele nunca vai conseguir, estou protegido num bando bem longe dele. Vontade de dar dedo....
Mas ele me chama. Tem poder sobre mim, avança na minha direção, pede pra tocá-lo, como a boceta quente de uma mulher fogosa, ele se abre na minha frente, se esparrama, se esfrega.
Os meus olhos param naquele verde. O verde que me quer.
Ele pulsa.
Eu tento fazer com que a minha respiração tenha o mesmo tempo do movimento do mar. Eu me concentro e vou. 1... 2... inspire, expire... Depois de um certo sufoco a coisa parece funcionar bem, 1, 2, inspire, expire. Eu fecho os olhos e acompanho. Agora eu sou o próprio mar. Eu sou quente e verde, e eu estou calmo. Eu simplesmente tenho que respirar, eu tenho o meu ritmo.
Eu não preciso mais estar no meio dele, ele não tenta mais me puxar. Ele não pede mais para brincar, nem me força a encará-lo. Agora estamos em sintonia. Eu o sinto dentro de mim, lento, pulsando, me aquecendo, me envolvendo num verde. O meu verde mar, só meu e de mais ninguém.
Eu o sinto aqui comigo. Ele é meu e eu sou dele. Nós somos um só, como eu sempre quis.
É doce morrer no mar.

5 comments:

Cais da Língua said...

"Acho que sofrer pra caralho com cigarros é muito mais legal do que sem cigarros. Eu sou um poser."
Ammaaayyy!
Nem preciso dizer q sou teu fã

Antonio de Castro said...

eu morro de medo de mar
e ele eh verde msm

qt aos cigarros, tb acho q sofrer cm cigarros eh mais legal q sofrer sem, mas eu nunk sei cm acender um cigarro!

nao sei usar esqueiro

xx

Mauri Boffil said...

Ai... eu tb concordo com o pequeno diabo. pavor do mar

JOÃO said...

sentir "um tantinho assim" de erotismo nesse post. vc falava do mar mesmo?
rsrs.
abraços

Unknown said...

...é doce morrer no mar...
nos seus braços longos e fortes,que envolvem, ensurdecem e faz-nos esquecer tudo..

bju xuxu!