Tuesday, September 23, 2014

O xibom-bombom da discussão política.



Pelas redes sociais as eleições tem sido discutidas quase como briga de fandom de cantora pop. Há sempre um extremismo. Se você critica uma virgula que seja, significa que você, obviamente, está fazendo militância para a galera do outro lado, mas, uma discussão política não pode ser feita desta forma. É preciso questionar e apresentar argumentos concretos.

 Hoje, soube que existe uma proposta para tirarem do currículo escolar as matérias de filosofia e sociologia, matérias estas, que, acredito eu, são as que nos ensinam a pensar e questionar a merda que está a nossa volta. Numa pesquisa realizada em fevereiro deste ano, concluiu-se que: mais da metade dos universitários brasileiros sofrem com o analfabetismo funcional, ou seja, não compreendem o que leem. 
Olha, não me importa o candidato, (não entremos neste mérito ainda) não vou nunca aceitar uma proposta absurda (me recuso a acreditar que exista) que pensa em eliminar matérias tão importantes. Precisamos urgentemente de uma reforma no sistema educacional brasileiro (alguém já propôs isso?). Menos decoreba e mais contextualização, por favor! Não se pode ensinar geografia somente fazendo os alunos decorarem os afluentes do rio Amazonas, é preciso falar sobre a região, sobre quem vive lá, é preciso mostrar a realidade dos ribeirinhos. Não se pode ensinar história só perguntando datas, mas sim mostrando a influência das ações passadas no mundo atual. Estudar história não é falar em velharia, é um tutorial para se conhecer enquanto sociedade, enquanto país, mas ai está o verdadeiro problema.

 O sistema educacional brasileiro está criando pessoas que passam e concluem, mas não conseguem interpretar uma matéria num jornal. Então como ter uma discussão política? Ou seja: Há interesse dos políticos em deixar as coisas como estão: todo mundo quietinho, sabendo o que precisa saber, mas sem questionar nadinha, deixa pra quem vai resolver.

 A escola não está educando, ensinando, está manipulando. Principalmente quando enfiam goela abaixo a idéia meritocrática de que a educação é um privilégio e não um direito que deveria ser de todos. Há quem fale até em "escolha" e ninguém olha para os lados. E é assim, através deste sistema, que criamos os comentaristas de portal, os criadores de termos como "bolsa esmola" que criticam a todo custo qualquer proposta voltada para a melhoria da população carente. 

A escola, (particular) no Brasil, superprotege uma suposta elite, ensinando-os a achar que é deles o direito ao maior pedaço do bolo e os maiores privilégios, como por exemplo as vagas nas universidades públicas. É como a Dona Florinda e o Quico, a escola ensina as crianças a "não se misturar com essa gentalha" privando os alunos de um senso de realidade, uma noção  de si mesmos enquanto sociedade, enquanto pessoas capazes de mudar a situação. Nas escolas públicas, pouco se fala em crescimento e investimento. Todo futuro é muito para quem não tinha nenhum.


 Então como disseram As meninas no clássico do cancioneiro popular "bom xibom, xibom bom bom": "O destino todo mundo já conhece, é que o de cima sobe e o de baixo desce". Quando se inverte esta ordem e damos uma ajudinha ao de baixo, para que este, suba e alcance um lugar na sociedade temos um ódio cego, uma idéia maquiavélica de que estão tomando seu espaço, que vão acabar com tudo, transformar o país em cuba e fazer uma revolução que nunca vem. Este ódio veio desta super proteção, da privação da realidade onde se vive. Como discutir política de forma séria com quem acha que ciclovia atrapalha carro? Com quem é contra a faixa azul dos ônibus porque ele, só ele, vai chegar atrasado, mesmo no conforto do seu ar condicionado e mp3 player na Pajero 4x4? Com quem acha que as pessoas escolhem pedir esmola na rua (já ouvi este argumento).

 O que o sistema brasileiro está ensinando é isso: Que é cada um por si. Mas não é e nunca será. E a hora de acordar está passando nas nossas caras, mas há quem acredite que política é preservar apenas o seu, e nunca, melhorar o de todos. 

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